POBREZA, EXTREMA POBREZA E DESIGUALDADE BATEM RECORDES NAS METRÓPOLES EM 2021, DIZ ESTUDO
Os índices de pobreza, extrema pobreza e desigualdade atingiram recordes de 2020 a 2021, mostra estudo do Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
Nesse período, mais de 3,8 milhões de brasileiros residentes nas metrópoles brasileiras entraram em situação de pobreza, fazendo com que o grupo aumentasse para 19,8 milhões de pessoas, o maior valor da série histórica.
Esse contingente representa 23,7% da população metropolitana e corresponde a um aumento de 7,2 milhões de pessoas em relação a 2014, quando aquele contingente representava 16% da população, diz o estudo.
Em relação à extrema pobreza, o grupo de pessoas nessa situação chegou a 5,3 milhões em 2021, o que representa 6,3% dessa população. Mais da metade destas, 3,1 milhões de pessoas entraram nesta situação nos últimos 7 anos, sendo 1,6 milhões delas em 2021.
A desigualdade de renda medida pelo Coeficiente de Gini também atingiu o maior valor da série histórica em 2021, chegando a 0,565 para o conjunto das regiões metropolitanas. Em 2014, o Gini era de 0,538. Vale ressaltar que, quanto maior o índice, maiores são as desigualdades de rendimentos.
“Houve um salto muito grande da pobreza e da extrema pobreza entre 2019 e 2021, passando por 2020, que é um período interessante porque está no meio da crise. Ainda assim, tem uma melhora de alguns indicadores, em função da Auxílio Emergencial de R$ 600 para mais de 65 milhões de famílias durante a pandemia de Covid-19”, afirmou um dos coordenadores do estudo e professor da PUCRS, Andre Salata.
Segundo o estudo, a principal mudança passa pela renda do trabalho, atingida após a decisão de interromper por três meses o pagamento do auxílio em 2021. “Isso fez a pobreza explodir”, ressaltou o professor.
A medida de extrema pobreza utilizada no estudo, do Banco Mundial, utiliza a linha de pobreza dos países mais pobres do mundo e faz uma média, ou seja, as pessoas seriam consideradas pobres em qualquer lugar do planeta. Desta forma, a linha de pobreza considera uma renda per capita de até R$ 465, e extrema pobreza abaixo de R$ 160.
Renda menor
Destacada como uma das principais razões para o aumento da desigualdade no país, a renda dos mais pobres caiu entre 2014 e 2021, segundo o estudo.
Em 2014, os 40% mais pobres que viviam nas regiões metropolitanas tinham renda média de R$ 515. Cinco anos depois, em 2019, o número caiu para R$ 470 e, nos dois anos seguintes, recuou para R$ 396 em meio à pandemia.
O padrão semelhante se revela quando são analisadas cada região metropolitana separadamente. Entre 2014 e 2021 a renda dos mais pobres cai de R$ 535 para R$ 404 no Rio de Janeiro, de R$ 354 para R$ 246 no Recife, e de R$ 714 para R$ 581 em Curitiba.
No mesmo período, ao comparar os valores por região, a renda mensal média dos mais pobres passou de R$ 535 para R$ 404 no Rio de Janeiro, de R$ 354 para R$ 246 no Recife, e de R$ 714 para R$ 581 em Curitiba.
“A partir da crise de 2015, passou-se a ter uma trajetória até 2019 em que o nível de renda média voltou a aumentar, mas quem se apropria desse nível de rendimento são os 10% de maior renda”, destacou a pesquisa.
Segundo o também coordenador do boletim, pesquisador do Observatório e professor do IPPUR/UFRJ, Marcelo Ribeiro, os 50% intermediários praticamente mantém o mesmo nível de renda e os 40% mais pobres são os que mais perdem no período analisado, em torno de 10%.
(Fonte: CNN)
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